terça-feira, março 08, 2005

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

O que dizer para a mulher espancada pelo marido bêbado, desempregado crônico.
O que dizer para ela que, ainda por cima, ouve da vizinha de barraco – se apanhou foi porque mereceu.
O que vou dizer para a mulher-menina que mal alcança a janela do carro, quando ela dança na boquinha da garrafa, em troca de um trocado. O que dizer, quando é recompensada por algum safado.
O que posso falar para a mulher, mãe a espera do filho na porta da FEBEM, quando recebe de volta um cadáver, sem uma justificativa ao menos.
Que respostas dou à mulher arrastando os próprios filhos por uma cidade que os chuta como se fossem trastes.
Como encarar a mulher que deu tudo o que tinha para salvar a vida do filho jurado de morte tão cedo.
E aquela que mesmo trabalhando dobrado recebe a metade.
O que responder para a mulher-gerente-de-rh que diz para outra – você é bonita demais, inteligente demais, não tem o perfil.
Como me dirigir à mulher-pura que olha para outra mulher com olhar de desdém.
Como conversar com a mãe, orgulhosa do filho, que com apenas 13 anos já é um pegador de menininhas. E com as mães das menininhas.
E com a que instiga o filho - se apanhar na rua tem que bater.
O que comemorar com mulheres-damas-de-ferro, as que contrariam o destino, parindo a guerra.

Estou sem ter o que dizer.
De repente a memória me traz a figura sorridente da Ir. Dorothy... aquela que mesmo abençoando seus assassinos não conseguiu estancar o disparo da intolerância.
Quisera fazer festa. Mas frente à tanta insanidade... só consigo gritar.
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