quinta-feira, junho 23, 2005

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LUTOLUTOLUTOLUTOLUTO
LUTOLUTOLUTOLUTOLUTO
LUTOLUTOLUTOLUTOLUTO
LUTOLUTOLUTOLUTOLUTO
......................................................luta


Junte-se a nós no repúdio à corrupção, mensalão e afins!
Visite o Loba, Corpus et Anima e demonstre a sua indignação.
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segunda-feira, junho 20, 2005

ENTALHE

um sol tímido e apressado
esculpiu um halo ao teu redor
esperança gravada em arco
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um molde vazado e inquieto:
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era a tua dor
na minha dor
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(Dedicado à Florbela Espanca)
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domingo, junho 19, 2005

QUESTÃO MÍNIMA

De quantos anos
precisa uma nação
para do jeitinho
chegar ao mensalão?
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Dedicado
aos perplexos,
aos inconformados
e aos entristecidos.
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quinta-feira, junho 16, 2005

O APAIXONADO

Uma voz no silêncio do sonhos...
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Nem imaginas a minha expectativa
Quando pressinto teus passos
A descer as escadas em meio ao jardim
Carregada de ouro e pedras preciosas
Me envolverás em teus sândalos
Me vestirás com tuas sedas
Farás cantar harpas e flautas para mim
E no olhar trarás os enigmas e dores
Que rondam o teu espírito
Tuas dúvidas serão minhas
Teus sofrimentos já os terei
Minha boca se acenderá por ti

Teus lábios soprarão doçuras
Meus braços serão teus
Os teus se abrirão para mim...
E é este o momento há muito desejado
Aquele que eu gostaria de eternizar
Para que, quando retomares teu caminho,
Tenhas em teu coração
Gravada no centro de ti
A minha marca de amor
Pois é tudo o que importa
De nada mais preciso
Para em ti ser feliz

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... ao amanhecer me deixei acordar.
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(Inspirado em I Reis, 10 e dedicado à Vocação arteDeus)
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terça-feira, junho 14, 2005

CENAS DO DESAMPARO

Foram quarenta, sessenta minutos, não sei.
O tempo parou naquele declive coberto por grama.
Pequenos arranjos de flores salpicavam o verde aqui e acolá.
O silêncio só não era completo porque cortado pelo som ritmado das pás.
A batida do surdo alternada pelo repique da caixa, ao cair da terra na vala funda, indica que tanto ficou para trás. Os sonhos e esperanças, se é que existiram... As responsabilidades, obrigações, tarefas, deixadas inconclusas... Toda luta, agora sem uma causa ou motivo...
À cadência das pás, junta-se agora o choro de uma criança.
Começa com um leve soluço, pianíssimo, buscando fundo o sentimento desconhecido que a faz atônita.
Os olhos fixos no movimento das pás, acompanham seu trajeto e pousam naquele vão aberto, talvez à espera de um último adeus. Que não vem.
Um sabiá canta ao longe e recebe de volta a resposta de sua companheira.
Uma brisa leve traz aos sentidos o cheiro do humus, pois as pás continuam seu trabalho.
De pianíssimo, o choro passa a forte. Parece ter encontrado a própria dor. Desespero, desamparo, raiva contida.
Um fino raio de sol rompe a espessa camada de nuvens e alcança a cena, iluminando-a.
Outros pássaros, agora não mais sabiás, fazem contraponto aos soluços magoados da criança.
Fortíssimo é o lamento, como também são o desespero, o desamparo, a raiva, agora assumida.
Estou só? É o que pergunta aquele choro descontrolado.
As mesmas mãos que tocaram as pás agora suavemente depositam as flores sobre os últimos acordes da sinfonia, abafando-os.
O choro vai se acalmando.
As nuvens engolem o delicado raio de sol, ouve-se ao longe mais um sabiá e, depois, o silêncio.
O olhar da criança ainda espera o último adeus. Que não vem.
Seus olhos estão secos. Agora entendem e murmuram: estou só!
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(Dedicado ao Bruno)
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sábado, junho 11, 2005

ENTRE ASPAS

Hoje quero compartilhar com os amigos um poema de Emily Dickinson.
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Na Minha Flor eu me Escondo
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Na minha flor eu me escondo
para que, se me levas em teu peito,
sem querer também me vestes
e só os anjos sabem o resto!
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Na minha flor eu me escondo
para que, teu vaso abandonando,
sem querer sintas por mim
quase uma solidão.
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Extraído de "Os melhores poemas de AMOR da sabedoria religiosa de todos os tempos".
Seleção, apresentação e tradução de José Jorge de Carvalho.
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quarta-feira, junho 08, 2005

QUEM AMA...

decifra gesto
digita poesia
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... gesta
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É tempo dos enamorados.
É tempo de descobrir o amor.
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Dedicado a todos os que estão participando da SEMANA,
mandando recadinhos, poemas, declarações de AMOR...
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terça-feira, junho 07, 2005

SELF SERVICE

para os que a timidez cala
ofereço uma banquinha
com my self em promoção
é só escolher a quadrinha
juntar flores e enviá-la
ajeitada num cartão
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(se)
o desejo é clandestino
procuro uma nação
que dê asilo ou destino
ao meu sofrido coração
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(se)
vive meu olhar no exílio
escondido e degredado
peço entrega em domicílio
de um fogoso namorado
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(se)
não precisa ter visto
nem passaporte assinado
é porque eu não resisto
a um peregrino apaixonado.
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(se)
o que os olhos vêem
o coração consente
em delivery apresente
um suave eu te amo
e já me deixará contente
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(se)
você já fez de tudo
flores, cartões, serenatas
para chamar a atenção
de um insensível coração
e não há nada que ajude
(de minha parte fiz o que pude)
tenta a derradeira jogada
lança-lhe uma rápida olhada
tasca-lhe um bom beijo fast food
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Estamos em plena SEMANA DO AMOR.
Navegando até o lobabh.zip.net, você poderá se revelar.
Mas que seja rápido, pois o amor tem pressa.
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sábado, junho 04, 2005

TRINDADE

Eu sou
És tu
.
Somos
Espaço indizível
Intervalo em sopro
Concha tramada
Nós

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(Dedicado ao meu vèinho e ao intransitivo que ousamos conjugar)
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_______________________

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O amor é frágil tesouro.
Precisa de cuidados, de agrados,
De doces palavras e gestos.
Quem ama tem o dever de contar.
Quem é amado precisa saber.
Vale verso, vale prosa.
Só não vale vacilar.
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Assim sendo, declaramos, Loba e eu, aberta a semana dos enamorados.
Destinada a todos os que já encontraram o amor e também aos que ainda o procuram.
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No lobabh.zip.net, as instruções para mais um fazer coletivo.
Não deixe para revelar amanhã o amor que hoje clama.
Participe.
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quarta-feira, junho 01, 2005

ODE A UM ARMÁRIO

Surpresa assim de repente
Nem sei de onde ele veio
Chegou-me como um presente
Há de se julgar pelo estilo
Que tenha vindo do passado
Forte, imponente, garboso
Exibindo graça ao brilhar
À espera, no meio da sala
Parece que está a chamar
.
Com respeito me aproximo
Qual criança curiosa
Suavemente o toco,
Acarinho, deslizo a mão
Respiro o perfume do cedro
Sinto a pujança do tempo
Renovo ancestrais compromissos
.
Conto e reconto as gavetas
O que posso ali guardar
Vai logo se definindo
Na mais baixa devo encerrar
A ausência de meu pai
A infância tão ferida
A adolescência perdida
Tranco-a p’ra não mais olhar
.
Logo acima arquivo os fracassos
Sempre os devo rever
Pois servem de referência
Indicam os meus novos passos
Evitam que eu ande a esmo
Levando avante o sofrer
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Agora a gaveta dos sonhos
Embaralhados, alegres
Fazem grande alvoroço
Vivem inesgotável festejo
Da arrumação desisto
Fecho-a com dificuldade
Permito que fiquem para fora
Pontas do que mais almejo
Pontes p’ra felicidade
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São quatro as pequeninas
Que vêm logo a seguir
Em cada uma encaixar
Decepções, injustiças,
Desafetos e o receio
De a alguém mais ferir
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A última tão alta está
E sendo um pouco emperrada
Impede olhares de esguelha
Lá vou acomodar meus segredos
As fantasias mais loucas
As paixões sangüíneas, vermelhas
As dúvidas que não são poucas
Os amores inconfessos
Os pecados, remorsos e medos
As máscaras dissimuladas
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Quase pronto o meu armário
Mas falta-lhe um quê de beleza
Algo de majestade e firmeza
Que o transforme em relicário
Encontro um belo xaxim de hera
Em ramagem esparramada
Na cobertura a ajeito
Avalio a doce quimera
Ainda assim pobre de luz
Pouso a mão em meu peito
Tateio a medalha encontrada
Descubro o que me faz desolada
Não há um afeto inteiro
Falta à estante, calor
Trago a imagem de Jesus
Concluo a lida aliviada
Ele com coração à mostra
Instala-se feito um posseiro
Em terno arremate de amor
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(junho - mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus)
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