quarta-feira, março 07, 2012

Maria

Envolta em tules
Os cabelos coroados por pequenos botões de rosas

Iluminada por duas velas apenas
Prendias meu olhar
Admirável visão impressionista
Da santidade escondida
.
Os lilases de tuas lágrimas
Atraíam-me para atrás de ti seguir,
Caminhar-te em afinidades
Mãe que é abraço, é ombro
E para além do habitual
Tomar do filho o sofrer
Sofrendo-o na própria carne
.
Única marca de tua humanidade
Oculta pelo tecido da dor
.
Eras minha quase identidade
Quando o cortejo estancou
Parte do véu desdobrado
No doce olhar de desvelo
Ofertado junto a uma flor
Rendida nas mãos de tua graça
.
Tu te mostravas dengosa
Aceitavas ser cortejada
.
Revelavas neste instante
Um elo que me faltava
Tinhas sensualidade e fascínio
Encantamento e o poder
.
Seduzias!
.
Foi preciso que te cobrisses
Para que eu desvendasse
Visse além da dor e de véus
Da pureza preservada
Mais um sinal da mulher
Ícone, laço, arcano
Anima a te entretecer em mim.
.
.