sexta-feira, agosto 26, 2005

TERNAMENTE

De coração de mãe,
Do sentimento do pai,
Tanto se fala e se canta
Mas e da tia
O que se diz afinal
De quem não teve no ventre
O ser que seria metade
Da genealogia e futuro
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Espécie de espectadoras
Nós duas, sobrinha querida
Parece que temos
Uma dimensão comum
És um olhar em demanda
Sou demanda no olhar
Te sentes quase uma filha
De minha parte, quase mãe
E sem nada sermos
A não ser partes de um quase
Quase nada
Quase tudo
Nos ofertamos na dor
Mútua resistência e vigília
Da existência pressentida
Apenas ternuras em laço
Simples ato de afeto
Este sim, bem mais do que um quase...
Pois sendo simples, completo.
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(À minha doce Tita)
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quarta-feira, agosto 24, 2005

À NOSSA SENHORA DA CABEÇA

Eis-me aqui, prostrado aos vossos pés, ó mãe do céu e Senhora Nossa! Tocai o meu coração a fim de que deteste sempre o pecado e ame a vida austera e cristã que exiges dos vossos devotos. Tende piedade das minhas misérias espirituais! E, ó Mãe terníssima, não vos esqueçais também das misérias que afligem o meu corpo e enchem de amargura a minha vida terrena. Dai-me saúde e forças para vencer todas as dificuldades que me opõe o mundo. Não permitais que a minha pobre cabeça seja atormentada por males que me pertubem a tranquilidade da vida. Pelos merecimentos de vosso divino Filho, Jesus Cristo, e pelo amor a que ele consagrais, alcançai-me a graça que agora vos peço (pede-se a graça que se deseja obter). Aí tendes, ó Mãe poderosa, a minha humilde súplica. Se quiserdes, ela será atendida. Nossa Senhora da Cabeça, rogai por nós.
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Mãezinha do céu, eu confio em vós! Amém.
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(Pela recuperação de Ana Cristina, minha amada sobrinha)
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Sobre a devoção à Nossa Senhora da Cabeça:
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http://www.milicia.org.br/index.asp?pag=central/titulos/cabeca.htm&m=0
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segunda-feira, agosto 22, 2005

O TERÇO DA MISERICÓRDIA

A ser rezado no terço comum, substituindo as orações do terço como indicado:
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No início:
Pai Nosso, Ave-Maria, Credo
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Nas contas do Pai Nosso:
Eterno Pai, eu Vos ofereço o Corpo e Sangue, Alma e Divindade, de Vosso diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo em expiação de nossos pecados e dos do mundo inteiro.
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Nas contas da Ave-Maria:
Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.
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Ao fim do terço, rezar três vezes:
Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro.
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(Pela recuperação de Ana Cristina)
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Extraído de:
http://rosariopermanente.leiame.net/devocoes/misericordia.php
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sábado, agosto 20, 2005

ORAÇÃO A SÃO MIGUEL

São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate, cobri-nos com vosso escudo, contra os embustes e ciladas do demônio. Subjugue-o, Deus, instantemente o pedimos e vós, Príncipe da milícia celeste, pelo divino poder, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.
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Sacratíssimo Coração de Jesus.
Tende piedade de nós!
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(Por Ana Cristina)

quinta-feira, agosto 18, 2005

PARA UM AMIGO QUE SOFRE

Tenho me perguntado, constantemente, a que distância devo ficar de um amigo que sofre.
Existirá um padrão, um instrumento que me dê esta medida?
Talvez nem tão perto a ponto de invadir seu íntimo ou mesmo perturbar o seu descanso.
Talvez nem tão longe onde não possa escutar seu pranto e seu pedido de socorro.
Ao alcance de um olhar, quem sabe, seja a distância correta.
Lá, onde eu possa oferecer meu próprio olhar e assim abraçar o olhar do amigo.
Lá, naquele ponto em que os corações se encontram e se expandem.
Lá, onde eu possa ficar simplesmente e olhar... e deixar-me olhar... que é a forma pela qual duas almas amigas se entendem e se completam... mesmo que seja por um breve e fugidio momento.

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domingo, agosto 14, 2005

NO DIA DOS PAIS

Nós duas no topo da escada olhando a noite e os faróis. Desenhavam círculos concêntricos. Teu assobio perguntando. O de mamãe respondendo. Descias o baldio traçando uma linha reta. Ora paravas escondendo-te nas folhagens. Ora seguias o sinal que te era enviado.
O trecho pequeno levava, no meu pouco entender, uma eternidade para ser vencido. Não sabia ao certo a razão de tanta agonia. Só me agoniava junto e me esforçava por aprender o assobio em código. Os carros negros desistiam da marcha. Abraçava-te aliviada.
Muito tempo depois de tua partida pude entender o sentido destas cenas. Elas se repetiriam com outros atores, outros cenários, embora tom e tensão fossem os mesmos.
Nos dias de hoje revisito as lembranças em busca de inspiração para continuar. Por onde andariam o teu sopro radiofônico, tua remington incansável, teus varais de fotografias?
Se as respostas, não as encontro, sigo com tua imagem e por mais paradoxal que pareça, dada a saudade que ainda tenho de ti, chego até a me alegrar... por não precisares ver o que fizeram de teus sonhos.
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... a todos os pais, o aconchego.
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quarta-feira, agosto 10, 2005

O CUIDADO

cuida do amor que mora em ti
e ele se transformará em gesto amoroso
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cuida do gesto que voa de ti
a ti ele retornará em cânticos
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em dueto vela e segue
no caminho a canção se revelará
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AMOR
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(Dedicado a Clara e Francisco)
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quarta-feira, agosto 03, 2005

PARA TUDO TEM UMA HORA

Um dia, sem mais nem menos,
Começou a pensar na morte.
Como seria o velório...
Nem se atrevia a deixá-lo
Entregue à própria sorte.
Se sempre tudo planejara
Tomou lápis e papel
E lá vai recomendação:
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As cãs da testa disfarçadas
Com flores entremeadas
Descendo pelos cabelos soltos.
Base dando uma cor...
Com as rugas,. nem se importava
Não gostaria é de se ver abatida
Na solene data da própria saída.
Nos olhos, um fino traço
Dando leveza ao olhar,
Um batom discreto, rímel...
A roupa deixaria a gosto
Pedindo só que usassem
Uma que lhe dissimulasse
O contorno arredondado.
Nas mãos, que não esquecessem do rosário.
Lembrava-se toda pomposa
De um de botões de rosas
Vindo direto de Assis.
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Aos amigos, nas despedidas,
Um coquetel bem servido,
Daqueles com até prato quente
E para passar o tempo,
Que contratassem um trio:
Bateria, piano e baixo.
Em anexo, o repertório seguia.
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Para a encomendação,
O coro da Igreja São Bento
Em gregorianos mistérios.
Quem sabe um solo com Fortuna...
Imaginou as coroas, mensagens,
Carruagens empurrando-a para o céu
E, no auge da pretensão,
Antevia já o reencontro
Com falecidos queridos.
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A missa, em alguma capela,
Filtrando por entre vitrais
Floridas azaléias em eternas florações.
As luzes todas acesas,
Velas novas no altar.
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E as flores, de preferência
O amor-perfeito
Em arranjos esparramados.
Seriam tantos vasinhos
Que cada convidado
De lembrança um carregasse.
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Último ato de insubordinação:
Liturgia fúnebre, nem pensar.
Mesmo sem ao Sr. Bispo avisar,
Que trocassem as leituras.
A primeira, encontrariam em Provérbios.
Aquela em que a sabedoria se apresenta
Junto de Deus, a artífice
Brincando sobre o globo de sua terra.
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Deixava ao gosto dos amigos
A escolha do cantor
Do salmo, deste sim, fazia questão.
Que fosse o do Bom Pastor,
Atravessando-a pelo vale escuro,
Segurando-a pela mão.
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Para a segunda leitura,
A carta de São Paulo aos Coríntios.
Perfeita ao definir o amor
A que tudo desculpa, tudo crê,
Tudo espera e suporta.
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Pelo incenso perfumado,
O Evangelho a ser cantado,
Do Apocalipse um trecho
Em que Nossa Senhora a esperasse
Revestida de sol e realeza
Resplandecente, maternal beleza.
O padre, sacerdote zeloso,
Saberia em sua homilia
Ser loquaz e amoroso
Nos cuidados aos presentes.
Haveria ainda um momento
Para se encaixar
Uma ressalva aos lá do alto.
Até que seria sensato
Acrescentar os novatos
E ressoar com encanto,
Entremeada a prantos,
A ladainha de todos os santos.
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Mas o que seria gravado
Na lápide a defini-la?...
Releu o que havia escrito
Em busca de inspiração.
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E... só então...
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Fez um balanço da vida.
Da vida longa, vivida
Na vida que não viveu.
Pondo tudo na balança
Viu o prato dos desacertos
Pendendo mais que os do bem.
Resolveu não ser a hora.
Pensou, refletiu, ponderou...
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Só iria se entregar
Quando amigos e descendência
Pudessem em sã consciência
Em epitáfio lavrar:
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“Aqui jaz nossa querença,
Mulher justa e aguerrida,
Foi tempero nesta vida
E morreu de tanto amar”.
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Citações: Livro dos Provérbios, 8; Salmo 23; I Carta de São Paulo aos Coríntios, 13; Apocalipse, 12.
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