sexta-feira, outubro 23, 2015

Irreverência a Vinicius

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domingo, outubro 18, 2015

na manhã de domingo

estava pronta para ler um paulo coelho, escutar altemar dutra,
desafogar em uma lata de sorvete (inteirinha)
minha angústia e minha desolação
mas
antes resolvi puxar a cortina
.
uma réstia de sol desvendava o contorno do bairro
fazia brilhar o espigão da paulista
.
a cidade despertava
surda às aflições que algumas persianas resguardavam
indiferente aos risos que escapavam de janelas escancaradas
.um cachorro latiu puxando o coro
uma leve brisa trouxe o perfume das rosas
o beija-flor me espiou de relance e se foi
.
e eu prostrada
.
quantas manhãs semelhantes já se repetiram
quantas vezes vi a cidade impassível
quer chova ou faça sol
.talvez jogue paulo coelho para longe
cante aos berros com diana krall
e descubra enfim o que se move 
bem aqui
under my skin
comigo sou só
estou por minha conta
...

sábado, maio 30, 2015

Aspiração

De Adélia ou felipa quero os resmungos,
As queixas imaginárias ou reais
Seu embate enlevo com sagrados véus
As madeixas da sabedoria plena
Um carlos poeta de imperativo incêndio
Que me sussurre assim como a ela
Um desdobrável peito feito ladeira acima

De ti, Adélia, invejo e confesso
Mais do que a poética, roubo-te
A maturidade, a aceitação mineira
Do fortuito, do inevitável e da busca
No profano o que divino resta
Serena palavra ao encontro de ti mesma
De verdade tanta incontestável manto
Quero como tu, entardecer-me fé


De Teresa o que posso dizer
Furto-lhe a cadência e a elegância
Em feroz contenda, defesa firme da fé
Um joão santo poeta que em glosa seja
Arrebatado por meu verbo, verso amar
O fino e ferino humor, a sensualidade
Anseio de Deus feito fogo ardente
.
De ti, Teresa, invejo e confesso,
Mais do que a visão profética, roubo-te
O desejo da morte, se está longe o amado
A coragem santa expondo o próprio ventre
Alegria na agonia da entrega
Em labaredas ao abraço de Jesus
Espero ao anoitecer-me fé
Queimar-me na verdade como tu fizeste

Nos Campos quanto há mais para se voejar
Roubo-lhes o arejado em rente
A ruptura, o descontínuo espaço
Desconstrução real
Falácia verdadeira
Verso em espiral
Rima derradeira
Traços no papel

.
mão escrevente mente crendo a teia
sorvido laço em suave e complacente ardor
e o que mais aspirar posso do viver na expressão


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(Dedicado ao Pai que um dia há de explicar os motivos do meu sempre querer se é para nunca alcançar)
AdéliaTheresaCampos

terça-feira, março 24, 2015

a brisa do salgueiro e o canto das águas

...
.
tanto tempo passou
e
ainda choras às braçadas,
esperas
ainda vago em ondas,
retorno
tu te derramas no enleio
eu te circundo no abraço
.
sou para ti o perfume
és para mim acalanto
choras por mim de saudade
de saudade corro p'ra ti
.
a cada curva do tempo somos nós diferentes
embora iguais em destino
teus braços transbordando p'ra mim
meu leito se abrindo em fluxo
.
ébrios
realizamos a sina
que para nós foi traçada
.
em um leniente encontro
apenas ligeiro instante
tornamos o beijo molhado
em ato constante
perpétuo

.
¸¸•* *•.¸¸♪♫     

domingo, fevereiro 01, 2015

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LoveDance








domingo, janeiro 25, 2015

DECLARAÇÃO DE AMOR

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Protegida em minha bolha
Não deixo de interrogar
Para mim sei o que és
Não sei o que para ti posso ser
.

Trago-te, então para dentro
Na mão do menino esquálido
Pedinte de cola e coca
Acaricio-te sorris e somes
Misturado às gravatas
Aos camelôs em bravatas
Às mulheres que vendem o corpo
Cidadãos sem eira e nem beira
.

Consolo-me na consolação
Do silêncio delirante
Horas tantas badaladas
Largadas pelas calçadas
.

Protegida por claustro seguro
Abro uma pequena fresta
Deixo entrar a acidez
E penso se está tudo perdido
Tens violência e a aridez
Das ruelas esquecidas
Dos rostos das mães nas favelas
Da fome de alimento e de sonhos
.

Tua face mostra as fissuras
Heranças da civilização
Feridas abertas em fosso
Agonia de dor e paixão
.

Protegida em meu carro vermelho
Envolta na tua fumaça
Vejo abrir-se uma nesga
Nas hortas das marginais
Nos jovens de uniforme
Saltimbancos da esperança
Nas flores dos canteiros centrais
E em quem dá a elas o aroma
No rico fazer cultural
Na solidariedade latente
Organizada em mutirões
Nas passeatas cívicas
Exigentes de dignidade
Mestres renomeando a vida
.

Atravesso as tuas veias e campos
Sem mais precisar proteção
Perdida em meio às vontades
Vou nas asas dos pardais
Partilhando madrigais
Me levas a te descobrir
Querendo ser como és
A conservar a magia
Nas vilas, sobrados e avessos
Travestidos na riqueza
De teu povo soberano
Guerreiro que puxa o cimento
Sabe que o belo e o bom
Amanhece trabalhando
.
Segue a divina sina
Do santo que te batiza
Bélico pacificador
És martírio, és enlevo
És betoneira incansável
És útero e uma lágrima
És desafio, és afeto
.

Abaixo o volume do rádio
Premeditando o porvir
Sempre perdendo o rumo
Sempre me encontrando em teus braços
.
De soslaio as desvairadas
Cãs brancas no retrovisor
Mostram-me de que és capaz
Saberás encontrar tua paz
.
Sorrio para ti meu amor
Lanço um íntimo desejo
Quando minh’ alma partir
Peço aos que bem te traduzem
Enterrem meu coração sem titubeios
Nos trilhos que te conduzem
.
.
Dedicado aos homens e mulheres, crianças, adultos e idosos, paulistanos por nascimento ou escolha, todos arquitetos da beleza, tradutores da verdade. Referências que me ensinam a entender e a amar cada vez mais esta cidade.
Dedicado também ao meu carrinho vermelho que me leva pelos caminhos de São Paulo...
.

sexta-feira, janeiro 23, 2015

melancolia



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minha pobre cidade rica
és carente, és desvairada,
és sofrida e amargurada
.
és palco de cenas vulgares,
de vaidades baratas,
da insensatez corriqueira
da incapacidade humana de se humanizar
.
minha pobre rica cidade
das tantas pequenas tragédias
também palco de dramas dantescos
cenário macabro

para os sem teto,
sem saúde, sem escola,
sem rumo, sem praça
ou alento
.
minha cidade magoada
em meio a tanta indigência

coragem
.
há os que dependem de ti
há os que muito te amam
e que reúnem a força, a ternura
para em um dia bem perto
te arrancarem da UTI
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