sexta-feira, janeiro 21, 2005

UM ATALHO

Imagina-te silêncio no fingimento da dor,
Da palavra foge, disfarça-te pintor daltônico.
Traze o teu olhar atônito da promessa não cumprida,
Faze-te desolação, mergulha, devora teu vinho,
Embriaga-te! Expanda-te!
Faze-te consolação, cava, traze a semente,
Rega com teu sangue o chão.
Arranca da terra o verbo, engole, saboreia, partilha,
Transforma-te na própria poesia.
Teu verso será morada para as quatro estações.
Realiza-te eternidade!

(pacientemente espera-te em mim; amorosamente esperar-me-ei em ti)


(Dedicado a Fernando Pessoa e a São João da Cruz)
(Inspirado em “Mais Poemas, novos e antigos” de Benno Assmann, post do dia 7/12/04)


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