quinta-feira, janeiro 06, 2005

O que um breve suspirar oculta

O que é contido por um suspiro?
O que vem escondido em rápida emissão de ar?


Inspiro o que me provoca
Prendo no peito instantes,
Tentando eternizar
O que, mesmo quando bom, me faz sofrer.
Para não asfixiar, desisto, solto o corpo,
A voz em lamento vai, expira, expulsa o desejo.

E o coração, oh, pobre coração!
Continua inquieto, vendo a alma rebentar.
Nela mais do que o tolo querer,
Alojado, instalado,
O anseio!
Este sim, assombroso,
Inexprimível, apavorante.
Arrisco descobrir-lhe a razão,
Mas, a respiração teimosa,
Antes que eu me dê conta,
Volta ao ritmo normal da indagação sem resposta.

(O mistério se fecha em si mesmo)

Quisera tê-lo tocado.
Quisera tê-lo provado.
Teria encontrado, agora sabes,
No fole do suspirar,
Na aspiração da alma, o soluço,
O sopro suave, as primícias.
Delícias do mais extremado amor.


(Dedicado ao Dennis)

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