segunda-feira, junho 12, 2006

SOBRE O AMOR

Falar de amor dá arrepio
O assunto é desafio
É ter a alma por um fio
Sentir-se sempre no cio
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É maquiar cara de cínica
Ouvir Simone e ser tímida
Olhar-se no espelho, mínima
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Fingir que não está nem aí
Tendo aos saltos o coração
Responder "nem te ouvi"
Quando olhada com paixão
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Mas se o doce olhar vai embora
Cansado de tanta espera
Madalena desespera
Chora, esperneia, tece a hora
Faz melodrama barato
Corre atrás de seu guerreiro
E se o amor for verdadeiro
Logo no primeiro ato
Tem-no para si, por inteiro
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Lá vai ela segura
De novo desdenha o amado
Esquece toda a ternura
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Sem procurar entender
Ele sai logo à procura
De quem não o faça magoado
Desse mal não quer sofrer
.
São jogos bem engraçados
Dos velhos tempos de Adão
Os dois andam separados
E se ao invés de apavorados
Assumem-se enamorados
Provocam do amor a explosão
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Hoje a experiência festejo
Mais velha me regozijo
Quando m’ olham com desejo
Se for pra perder o ensejo
Perco bem antes o juízo.
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Republicação... e continuo dedicando aos que, por amarem o amor, cultivam possibilidades.
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Minhas referências: Mark Twain, Ivan Lins e Joyce.

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