quinta-feira, junho 01, 2006

O PÁSSARO

Tu que preso à parede estás
Sabes que inoportuno és
Ao continuamente
Lembrar-me as horas?
.
Insensível carcereiro
De tua gaiola espalhas
Sobre mim os gradis de um presídio
Enquanto continuas atado
Às tuas próprias correntes
.
Oscilando anuncias
Que até mesmo o porvir
É tempo que chega perdido
.
No teu insano vaivém
Nem percebes o mote
Do Lullaby of Birdland
Girando na minha vitrola
Surdo por teu próprio grito
Por mais que eu alterne o canto
Com terceiras intenções
Cumpres o teu irritante moto
.
Sem sucesso arrisco
Arrancar-te de tua prisão
Arisco, não te abalas, não aceitas
O codinome beija-flor
Que tento a ti dedicar
.
Não vês, impassível ave
De nome cuco sem rima
No meu presente a oferta
Um rumo
A liberdade para o teu vôo
Alforria para meu cantar
.
(Dedicado a Foster e Shearing e a Cazuza, Reinaldo Arias e Ezequiel Neves)

.

Nenhum comentário: