terça-feira, julho 12, 2011

Procrastinar

Entendi. Estás querendo me alertar. Vasculhei agendas, diários e vi que talvez tenhas razão. Quantos pedaços de mim largados nos becos escuros. Todos devidamente etiquetados, rotulados como medo, insegurança... não, não mais proclamarei em voz alta estes nomes. Não os acordarei. Tentarei ser doce, tratando-os pelos apelidos. Serei também firme ao pisar o corvo. Decidida, penso ter aprendido a lição. Detenho-me no exame das minhas anotações notando cada palavra, cada olhar. Há ali um chamado. Indefinido ainda, mas certamente um chamado. Treino o gesto de fechar as mãos para que possa impedir que o hoje me escape pelos vãos dos dedos. Já quase me sinto capaz, quando inesperadamente, um outro fantasma toma corpo. Este mais assombroso. Cai por terra a esperança de hoje atender ao chamado. De hoje ser, pois não sei o que devo ser... De hoje ir, pois não sei para onde...

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