sábado, março 25, 2006

À SENHORA DAS DORES

...












...
...
...
De muita dor meu cantar.
Amargura que o sofrimento da cria
Provoca no escavado da gente.
Angústia frente à impotência,
Punhal cravado na carne,
Olhos secos de aflição.
Mas tu ouviste meu pranto.
Teu olhar fixou-se em meu peito,
Arrancaste de lá meu tormento.
Quando contemplei tua imagem
Toda vestida de roxo,
Eras o semblante da dor.
A adaga, tu a enterravas
Em teu próprio coração.
Lágrimas na minha face
Teimavam em não escorrer, pois
Tu as choravas por mim.
Qual promessa aspergida,
De ti emergia esperança.
Oh Mãe, Senhora, Maria!
Jamais posso esquecer:
Em meu lugar tu sofreste.
És ícone e presença.
És a verdade do amor.

...

quarta-feira, março 15, 2006

variações sobre o invariável

I
areias
quentes e ásperas
me entranham
me lanham
sem sombra
caminho
me arrasto
me arruíno
em meus passos
retorno
.
ásperas
quentes
areias
ou anéis
(destino em círculos)
me invadem
me envolvem
se fazem
anelo
.
.
II
por sobre a sombra
das pegadas que deixei
volto
concêntricos rastros
me acolhem
.
são teus os passos
aos quais retorno
...
... //...
.
.
Ganhei um presente belíssimo de Dora Vilela.
Para quem quiser ver-ler-sentir: http://pretensoscoloquios.zip.net
A você, dora-poeta-poesia, o meu coração agradecido.
..

domingo, março 12, 2006

Sussurro

Desvenda esse ar
que sopro
aos quatro cantos da terra.
.
Recebe o vento
e responde
apenas sim
nunca talvez
ou não.
..
... //...
...
Um presente a mim foi soprado pela voz de Dora Vilela.
Chegou na brisa do afeto e da poesia. Envolveu-me.
Agora sou só contentamento.
E a cada minuto flutuo sobre o: http://pretensoscoloquios.zip.net/
.

quinta-feira, março 09, 2006

Uma tentativa sofisticada...

Não fora a cumplicidade das rosas
Talvez o mundo tivesse acabado naquele instante
E por onde andariam meus passos
Tortos, capengas, talvez
Mas sempre céleres
A me derrubar em teus braços
.
Sorrias de meu desajeito
E eu suspirando nuvens
Pensando envolver-me em poesia
.
Passada manha
Me aninho em teu paço
Passo o que faço
Faço a passo
Apenas posso
versos de pé quebrado
Mas sempre céleres
A me...
.
-
cuidado! a poça!
.
tarde demais.
eis-me outra vez
submersa.
na fossa
...
.
- destrambelhada!..
...

quarta-feira, março 08, 2006

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Quando percebo que só sei falar sobre o dia internacional da mulher falando contra o machismo.
Quando constato que por mais que se denuncie e lute ele permanece indestrutível. Permeando todas as camadas sociais. Norteando nosso imaginário e nossas ações. Caricaturando o ser feminino. Moldando o ser masculino. Sendo o agente desequilibrador de qualquer relação. Fazendo valer a lei do mais forte. Quando vejo que estou me repetindo resolvo trazer de volta partes do texto publicado no ano passado. Ele é um pouco caótico e me lembro, feito no impulso, na revolta. O texto pinça algumas formas de manifestação do machismo. Revoltantes formas. E por ele fui duramente criticada, pois o 8 de março reflete os avanços e as conquistas da luta contra o machismo, merecendo assim ser festejado. Na época reexaminei o que havia escrito e resolvi que neste ano faria uma grande festa por aqui. Tentei. Juro que tentei. Não consegui.
Assim, peço licença para deixar o meu escrito passado...
.
O que dizer para a mulher espancada pelo marido bêbado, desempregado crônico.
O que dizer para ela que, ainda por cima, ouve da vizinha de barraco – se apanhou foi porque mereceu.
O que vou dizer para a mulher-menina que mal alcança a janela do carro, quando ela dança na boquinha da garrafa, em troca de um trocado.
O que dizer, quando é recompensada por algum safado.
O que posso falar para a mulher, mãe a espera do filho na porta da FEBEM, quando recebe de volta um cadáver, sem uma justificativa ao menos.
Que respostas dou à mulher arrastando os próprios filhos por uma cidade que os chuta como se fossem trastes.
Como encarar a mulher que deu tudo o que tinha para salvar a vida do filho jurado de morte tão cedo.
E para aquela que mesmo trabalhando dobrado recebe a metade.
O que responder para a mulher-gerente-de-rh que diz para outra – você é bonita demais, inteligente demais, não tem o perfil.
Como conversar com a mãe, orgulhosa do filho, que com apenas 13 anos já é um pegador de menininhas.
E com as orgulhosas mães das menininhas.
E com a que instiga o filho - se apanhar na rua tem que bater.
O que comemorar com mulheres-damas-de-ferro, as que contrariam o destino, parindo a guerra.
.
Quisera fazer festa. Infelizmente só consigo gritar.
.
... //...
.
Dedicado às mulheres sem voz, dedicado às vozes de mulheres que abriram caminho, dedicado a alguns homens que se juntaram a nós. A todos e todas que sonham e lutam para que a humanidade seja apenas e tão somente... humana.
.

sexta-feira, março 03, 2006

NAVEGANTES

Tirou os óculos. Pousou-os sobre a mesa. Passou as mãos pela testa, recompondo-se. Com um longo suspiro, encarou-me.
- Depois de tudo, como me vês?
- Alguns fios brancos na barba por fazer, camisa impecável, as mesmas mãos ambíguas...
- Não é disso que falo...
- ... e o olhar de sempre. Nada mudou. O olhar que me vê está aí, intacto.
- Um pouco decepcionada comigo, talvez...
- ... já deverias saber que navego em outra dimensão.
- Não entendi.
- Recurso para sobrevivência.
- Continuo sem entender.
- Meu afeto por ti não está condicionado ao que fazes ou deixas de fazer. És tão determinado e tão livre! Não há outra forma de te amar a não ser liberta e incondicionalmente. E é nessa dimensão que navega meu barco. Aquela em que o horizonte se estende e assim se perpetua...
- Chegando a lugar nenhum. É o que estás querendo dizer?
- Não. Pois há um porto. Um único porto. Teus olhos... carregando neles os meus. Nada mais importa. A não ser navegar... infinitamente...
Com mãos calmas apanhou de volta os óculos. Ajustou-os ao olhar. A conversa parou. Nossas âncoras se encontravam.
.
Da parede, o canto inoportuno do pássaro lembrou-me as horas.

.

quarta-feira, março 01, 2006

Campanha da Fraternidade - 2006






















...
...
...
Objetivos
.
Um dos principais objetivos da Campanha da Fraternidade-2006 é apresentar a realidade das pessoas com deficiência e as iniciativas para promover sua dignidade.
.
Um outro objetivo é promover a autonomia dessas pessoas, fortalecendo organizações e movimentos; criando mecanismos para sua participação efetiva, como protagonistas de sua história, na família, na Igreja e na sociedade, mostrando os valores evangélicos que devem orientar o relacionamento com as pessoas com deficiência.
.
A participação de toda a sociedade para alcançar esse objetivo é fundamental!
.
Extraído do site:
www.editorasalesiana.com.br
que contém tudo sobre a CF-2006
.